Um relacionamento basicamente se define pela capacidade que temos de conviver, trocar experiências e sentimentos com outras pessoas.
Partimos do princípio de que cada um faz o que é possível e que cada indivíduo tem um jeito de estar no mundo.
Esse jeito ao qual me refiro dependerá de um conjunto de fatores: a história familiar desse sujeito, a cultura, o meio ao qual ele está inserido e algo único que cada ser possui. É a partir dessa mistura que vamos dando forma a um jeito possível de estar e movimentar-se na vida.
Entre essas possíveis formas, há pessoas com maior dificuldade de empatia, que alternam entre serem extremamente rígidas nas suas críticas ao outro e serem extremamente vulneráveis ao ouvir algum comentário mais perspicaz.
Como estamos falando de relacionamentos, sejam eles de qual ordem for (amorosos, amizades ou sociais), a médio ou longo prazo, isso pode trazer consequências para ambas as pessoas envolvidas.
Nos estágios iniciais de um relacionamento romântico, um parceiro com maior dificuldade de empatia pode fazer críticas construtivas. No entanto, isso muitas vezes se transforma em críticas constantes, minando a autoestima e a confiança da outra pessoa.
É comum que, no início de um relacionamento, a pessoa ofereça validação e atenção ao seu parceiro. Com o tempo, isso pode se tornar uma busca constante de validação, onde o parceiro anseia constantemente por admiração e se torna emocionalmente exigente, como um bebê que anseia ser satisfeito por sua mãe. No entanto, há um conflito, pois estamos falando de um corpo adulto, com muito mais recursos que um bebê, e que pode tanto se machucar quanto machucar o outro.
Uma das características marcantes dessa forma de se movimentar na vida é o enfraquecimento dos limites. Em muitos momentos, algumas pessoas não percebem isso de forma tão clara, o que acaba por torná-las, em determinadas situações, invasivas, pois a percepção de que estão invadindo o espaço da outra pessoa não é clara a ponto de perceber e sentir com o outro.
Observa-se que, em um relacionamento com pessoas com maior dificuldade de empatia, ambas sofrem. De formas diferentes, pois a parte consciente de que está sendo invadida possivelmente se sentirá desconfortável, com sentimento de culpa e uma espécie de confusão sobre o que está acontecendo. Isso gera um sofrimento muito grande. Em alguns casos, ao perceber que isso não está fazendo bem, será possível se afastar, mas em outras situações, a pessoa pode ir se adaptando e duvidando de si mesma, o que pode levar a um relacionamento de sofrimento psíquico intenso.
Em contrapartida, o outro par não avalia com clareza o que está acontecendo. Muitas vezes, não há dúvida, há uma certeza.
A dúvida nos faz avaliar uma situação. Se não há dúvida e apenas certeza, não há espaço para informações ou para o outro.
É possível perceber o desconforto do outro, mas muitas vezes não é possível validar e se posicionar como parte responsável por esse relacionamento. A lente com que essa pessoa olha é a de responsabilizar o outro, não conseguindo se incluir como parte e responsável pelo que acontece ao outro e a si mesmo.
Aprendemos e temos a fantasia de que as pessoas pensam e agem de forma igual.
Mas isso é a nossa porção narcísica falando.
As pessoas são diferentes! Cabe a cada um conhecer mais sobre si mesmo para poder identificar o que faz mais sentido para si. E isso inclui a capacidade consciente de escolher com quem irá se relacionar e de que forma.
O processo de psicoterapia é uma possibilidade de acompanhar o sujeito nesse processo de autoconhecimento, que traz autonomia e maior expansão da consciência.