Uma das características da inteligência é buscar solução diante de uma dificuldade ou desafio. Nosso cérebro é programado naturalmente para tentar resolver problemas, logo, temos uma tendência a buscar respostas.
No entanto, as respostas que procuramos irão variar de acordo com o tema de nosso interesse. Se estivermos falando sobre pesquisar e querer saber mais sobre as funções de um Apple Watch, encontraremos algumas variações de respostas, mas sempre de forma objetiva. No entanto, isso pode não se aplicar tão sistematicamente quando falamos sobre a complexidade humana.
Talvez a vida fosse ainda mais rápida se tivéssemos respostas aritméticas para tudo… Ou talvez fosse muito fácil ou entediante… Eu particularmente não sei como seria “se”…
Mas posso fazer o convite para pensarmos no aqui e agora com o que temos e é possível, sem a preocupação de achar uma resposta exata.
Para a medicina, o conceito de narcisismo se aplica a um transtorno, ou seja, um quadro associado a doença. Na psicologia, há teóricos que irão endossar o contexto patológico e há outros que irão descrever esse conceito como características, uma forma de se estar na vida, sem julgamento de valores de bom ou ruim, apenas um jeito de existir.
Iremos olhar um pouco mais para esse último conceito.
Muito se tem falado sobre o tema narcisista, especialmente nas plataformas digitais, com diversas variações sobre o tema, mas sempre com a mesma base pejorativa e sofrida por parte das pessoas que convivem com o que elas identificam ser uma “pessoa narcisista”.
Certamente, se alguém diz que está sofrendo, essa pessoa precisa e tem o direito de ser escutada e acolhida.
Assim como também há um sofrimento na pessoa com características mais narcisistas. No entanto, esse sofrimento pode não vir de forma explícita como desejamos e estamos mais familiarizados em ver, como a demonstração de culpa, arrependimento ou reparação.
Diante de alguns sentimentos e da intensidade desse sentir, isso provoca na pessoa a sensação desagradável ou insuportável de lidar com a situação, e como recurso para dar conta, ela tenta desviar daquele real que se apresenta criando um novo desfecho.
Mas aqui estamos falando de forças inconscientes e não apenas intencionais através da nossa consciência e intelecto.
Possivelmente, em uma situação como a descrita acima, essa seria julgada como uma pessoa manipuladora aos nossos olhos, pois estamos olhando pela lente que busca uma resposta verdadeira e universal, mas somos mais complexos e com muitas nuances diferentes.
Todos sofrem independentemente das características que se têm, mas cada um irá lidar com o seu sofrimento de um determinado jeito.
Faço um convite para nos sentirmos menos culpados pelas nossas escolhas e também ao culpar o outro. Talvez seja possível substituir a culpa pela responsabilidade, isso implica não ficarmos apenas na condição engessada de vítima, mas de atuante na própria vida, seja lá qual for o seu jeito de estar nela.